Devo esta intervenção cirúrgica à minha avó, que na consulta à qual a acompanhei ela fez questão de dizer ao médico que eu tinha um problema no joelho. E de facto tinha, uma secção da veia, na zona lateral do "joelho", estava demasiado saída, grande, permeável. O médico ao olhar para ela alertou-me para os problemas que eu estava a correr, e como exemplo do que me podia acontecer mencionou o caso do Féher. Ora, todos se lembram do que foi vê-lo cair para o lado e pouco tempo depois morrer. Não quero que isso me aconteça. Fui fazer os exames urgentes que o médico me mandou.
Pois bem, tudo em condições, apto para ser operado. O objectivo foi fazer a operação nas férias do Natal, pensando em três semanas de recuperação. Chega a hora de a marcar. Azar dos azares, o único dia disponível, e o mais cedo possível era o dia 26, tendo que ir para o Hospital de Santarém dia 25 à noite, dia de Natal. Mas como a noite de Natal é de 24 para 25, assenti.
Dois ou três dia antes, estranhamente não havia preocupação nem nervosismo da minha parte.
Dia anterior, obrigação de fazer a depilação, isso sim, era novo para mim. Muito estranho mesmo. Mas foi feita, era um mal necessário.
Dois ou três dia antes, estranhamente não havia preocupação nem nervosismo da minha parte.
Dia anterior, obrigação de fazer a depilação, isso sim, era novo para mim. Muito estranho mesmo. Mas foi feita, era um mal necessário.
Dia 25, 20h, lá estava eu no Hospital de Santarém. Pró-formas todos tratados, pijama vestido, deitado na cama, descontraí vendo um filme. Não estava nervoso, nem ansioso.
Hora de dormir. Tendo eu problemas em adormecer ainda foi mais difícil quando perto do meu quarto um idoso não parava de gritar e ralhar com algo que só ele sabia. Duas da manhã e ele naquilo. Não tenho culpa da doença dele, mas devido a isso tornou-se uma noite stressante e e claro.
Dia 26 de manhã, era a segunda pessoa a ser operada nesse dia. Levanto-me, tomo um belo duche com um gel duche estranho, desinfectante. Visto uma bata da moda, aberta atrás, e ali fico todo nu só com aquilo. Vêm-me buscar na maca, sou conduzido para a sala anexa à sala de operação. Estranho, não estava nervoso, talvez sim cansado. Chega a hora, sou conduzido para a sala, ponho-me na mesa de operação e conheço a equipa que me vai operar. Estava em boas mãos. Escolho a anestesia da cintura para baixo, e começa a operação. Consistia em retirar toda a veia Safena, que vai desde o pé até à virilha. Não senti nada, não me deixaram ver, obrigaram-me a estar com a cabeça sempre deitada e com um pano azul esterilizado à frente. Que pena. No fim da operação pedi para me explicarem o que tinham feito e ver o que tinham retirado. Tinham feito um golpe no tornozelo, outro na virilha e puxaram a veia por aí. Para ajudar fizeram 9 cortes ao longo da perna. E a veia lá estava,grande, ensanguentada; gostei de ver. Fizeram os curativos e envolveram a perna na ligadura.
Hora de ir para a sala de recobro. Sala onde tinha q estar até ter alguma sensibilidade nas pernas. Foi uma sensação muito má querer mexer as pernas e perceber que eram como um bocado de carne morta, insensível. Senti-me impotente, aleijado, deficiente. No entanto estava calmo, sabia que era normal e em breve voltaria a sentir. Foi passadas quase duas horas que comecei a sentir as pernas, primeiro a que não tinha sido operada, e aos poucos e poucos a outra.
Levam-me para o 4º, hora de descansar. Não podia comer nem beber nada, desde as 00h00m e agora após a operação. Fiquei ligado ao soro, e a analgésicos. Não tinha dores, estava sedado.
Às 18h lá pude começar a ingerir água aos poucos, e às 19 pude comer uma sopa. Nada mau, estava cheio de vontade de comer, porque fome não tinha muita devido ao soro. Para descontrair vi novo filme,até à hora de dormir.
Entretanto já la tinha dois "acompanhantes" no 4º, tinham regressado após o Natal. Fui então tentar dormir. Outra noite muito mal dormida. Primeiro porque os acompanhantes eram idosos e ressonavam bastante, depois porque tinha dores, as pernas levantadas fazendo também dores nas costas, e por fim, para agravar, tinha os fios do soro e analgésicos presos à mão. Devido a tudo isto tinha que ficar de barriga para cima e quase quieto. Não dormi mais que 3horas mal dormidas.
Dia 27. Chega o pequeno almoço, muito bem vindo. E chega também o enfermeiro e o médico para verem a perna. O enfermeiro tira-me a ligadura, a gaze, e deixa à vista a minha perna mal tratada. Toda negra do sangue pisado, com algum sangue proveniente dos pontos. Os pontos da virilha estavam estáveis. Estava tudo bem. Boas notícias, o médico deu-me alta. Vou então tomar um duche, com bastante cuidado. O enfermeiro faz-me novos pensos, ligaduras e dá-me as recomendações a ter, para eu fazer os pensos dali em diante.
Estou pronto para sair. Agora sim, ansioso, para sair dali, não gosto de hospitais. A minha mãe chega e vamos embora. Repouso absoluto, recomendaram eles. Não consegui, estava demasiado contente por sair e estar livre que não me consegui meter na cama quando cheguei a casa, Andei as voltas, não consegui parar quieto. Tudo com muitíssimo cuidado, claro.
E agora a recuperação. Tomar os comprimidos receitados, fazer os pensos, e ter cuidado, muito cuidado. Tenho cumprido tudo, anseio por umas melhoras rápidas.
Sinto-me mais aliviado, melhor. Este perigo já não me afecta.
Tudo por causa da minha avó, a quem agradeço, e também ao médico, o Dr Mário Soares.
Obrigado...